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Sexta-feira, 19 de julho de 2019

Rui Vicente Oppermann falou sobre a mudança na gestão das universidades.

Por: Daiani Cerezer

O Ministério da Educação lançou, no dia 17, o programa Future-se, que muda o financiamento dos institutos e universidades federais. O programa repassa às instituições a captação de receitas, por meio de contratos com organizações sociais e alguns modelos de negócios privados. A iniciativa vai passar por um período de consulta pública, que se estende até o dia 7 de agosto.

Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, que foi ao ar nesta quinta-feira, 18 de julho, o reitor da UFRGS, Rui Vicente Oppermann, falou sobre a proposta. A questão mais preocupante, na sua visão, é o bloqueio no orçamento das universidades. “Temos um bloqueio de 30% do nosso orçamento e, se não houver a liberação dos recursos, não haverá futuro na universidade. A UFRGS busca fontes alternativas de financiamento desde sempre. Só no ano de 2018, a UFRGS captou 153 milhões em recursos extraorçamentários para a pesquisa, tecnologia e inovação. Isso é mais do que nós recebemos de orçamento para o custeio da universidade. Não se pode falar que não produzimos e não buscamos recursos. Nós buscamos, sim, e a captação de recursos é feita através de projetos de pesquisa e ensino.” 

Oppermann explicou que a UFRGS já vem fazendo o que prevê o programa anunciado pelo MEC e que considera “válida” a busca de recursos, mas disse esperar que “os entraves legais e burocráticos impedem a utilização desses recursos por parte da universidade sejam atendidos por esse programa”. 

O reitor defende a flexibilização da utilização de recursos de forma responsável e auditada, mas que permita fazer a expansão da universidade no âmbito da pesquisa, da inovação e da tecnologia. “A UFRGS tem uma aliança para inovação com a PUC e com a Unisinos, por exemplo. Mas qual é o maior entrave da UFRGS com essa aliança? Não temos flexibilidade na utilização desses recursos para reverter em inovação e tecnologia, por conta dos entraves legais e da burocracia. E o governo pode nos ajudar a superar essa questão.” 

Para Oppermann, aceitar a proposta que delega a administração, o patrimônio, a gestão de pessoas e a gestão acadêmica da universidade para organizações sociais seria abrir mão do preceito mais fundamental de qualquer universidade, ao longo dos séculos, que é a sua autonomia acadêmica e de gestão. “Esse aspecto é muito crítico e, certamente, terá que ser revisto”, alertou.