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Domingo, 25 de agosto de 2019

Lúcio Vieira falou em ampliar rede de alianças democráticas

Fotos: Luiza Dorneles

Mais do que um rito institucional, a solenidade de posse da nova diretoria e Conselho de Representantes da ADUFRGS-Sindical, na noite desta sexta-feira, 23, foi um ato político. Onze professores de instituições da base assumiram a gestão do sindicato pelos próximos três anos, período no qual devem enfrentar uma guerra ideológica pelo controle da educação superior no Brasil. 

Cerca de 300 pessoas entre professores, parlamentares, estudantes e movimentos sociais lotaram o auditório da entidade para ouvir o que pensa o novo colegiado, escolhido na maior eleição da história dos 41 anos do sindicato; cerca de 1,3 mil professores exerceram o direito ao voto. “Essa votação mostrou a clareza que nossos colegas docentes têm sobre a importância do movimento sindical para enfrentar as lutas que consideramos importantes; nossas carreiras, sim, mas mais que isso, a defesa das nossas instituições federais de ensino como parte de um projeto estratégico para o país”, declarou o novo presidente da ADUFRGS, Lúcio Vieira. 

Professor do IFRS Campus Porto Alegre, Lúcio assume o sindicato após três anos como vice-presidente. Em seu primeiro discurso, defendeu ampliar a rede de alianças democráticas para, definitivamente, consolidar um pacto nacional de defesa do país e proteger a educação de se tornar mercadoria. “Não estamos numa situação normal; enfrentamento um governo que elegeu a educação como inimiga; o meio ambiente como inimigo; os trabalhadores como inimigos”, declarou. Segundo Lúcio, o que caracteriza a nova diretoria, é a percepção de que para enfrentar “esse obscurantismo, para preservamos a democracia, precisamos ampliar o leque de alianças; e impedir que a educação deixe de ser um direito e passe a ser um plano de negócios de quem quer ganhar dinheiro”. Lúcio afirmou que essa diretoria tem o compromisso com a democracia; “defendemos a educação como um direito humano universal. E, por isso, aceitamos esse desafio nessa conjuntura, porque acreditamos que se conseguirmos construir essa unidade seremos capazes de encurtar o ciclo desse governo que, cada vez mais, se assemelha a uma ditadura”.   

Luta nacional

Aos 41 anos, a ADUFRGS-Sindical é o maior sindicato docente filiado ao PROIFES-Federação e um dos maiores do país, com cerca de 4 mil professores associados. O presidente do PROIFES, Nilton Brandão, falou justamente sobre expectativa da federação em relação à atuação da ADUFRGS neste momento “inglório” para o movimento sindical. “Não temos nenhuma perspectiva de negociação. Nosso trabalho é para mitigar danos”, desabafou, declarando que o PROIFES tem consciência dos desafios, como o enfrentamento ao Future-se. Segundo Brandão, o programa faz parte do projeto deste governo de remodelar o Estado brasileiro, com a Emenda Constitucional 95 como pano de fundo.

A ADUFRGS-Sindical é filiada à CUT. O presidente da CUT RS, Claudir Nespolo, também defendeu a unidade das categorias para enfrentar esse “ciclo tão ruim que se abate sobre o Brasil”, lembrando a responsabilidade da nova diretoria. “Uma boa notícia é que não há ciclo ruim que dure para sempre. Mas ninguém se salva isoladamente. Vamos encurtar esse ciclo em conjunto, somando forças contra essa classe dominante que não tem nenhum compromisso com o futuro”. 

O professor Paulo Machado Mors entregou o comando da ADUFRGS para Lúcio Vieira afirmando que deixa a presidência em “um momento angustiante, de desprezo às recentes conquistas sociais do povo brasileiro; de desprezo à soberania de nossa nação; de deliberado desmonte do nosso sistema educacional e científico”. Paulo declarou que a “ADUFRGS está mergulhada nesta luta; nesta guerra em defesa da dignidade da nação brasileira” e, que tem certeza de que o sindicato não esmorecererá. 

 

Prestação de contas

A Assembleia Geral Ordinária da ADUFRGS também aprovou as contas do sindicato. O tesoureiro, Vanderlei Carraro, apresentou os investimentos da ADUFRGS em 2018 e no primeiro semestre de 2019 e, a previsão orçamentária ate o final do ano.

“É tradição na ADUFRGS começarmos essas prestações de contas apresentando o superávit do sindicato. Nos últimos 20 anos, as diretorias têm mantido o sindicato superavitário”, declarou.