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Terça-feira, 22 de outubro de 2019

ADUFRGS apoia VII Encontro Nacional de Estudantes Indígenas.

Por: Daiani Cerezer

O Ginásio da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID), ficou alegre e colorido na tarde desta segunda-feira, 21 de outubro, com a realização do VII Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI). O grupo de dança da Terra Indígena Canto Galo, do povo Guarani, fez uma apresentação durante a cerimônia de abertura, que contou com a presença de organizadores do encontro e de representantes da UFRGS e do Ministério Público. Todos reforçaram a importância do evento para a mobilização dos povos indígenas e a necessidade de luta imposta pela conjuntura nacional.

O ENEI é o maior evento indígena de reflexão e mobilização coletiva no cenário nacional no contexto do Ensino Superior, segundo os organizadores. É um espaço pensado e protagonizado por lideranças e estudantes indígenas.

O tema deste ano é "Direitos indígenas em perspectiva: das políticas indigenistas de estado ao estado das políticas indigenistas". “Este ENEI tem o compromisso de debater com as instituições de ensino superior, não só com os indígenas que estão na universidade, mas com a sociedade em geral, de uma forma mais séria e reflexiva acerca das políticas públicas voltadas para os povos indígenas, pois está cada vez mais difícil permanecer resistindo para poder se formar”, explicou o coordenador do evento, Marcos Vesolosquzki, da etnia Kaingang e estudante do 10º semestre do curso de Direito da UFRGS. “Queremos discutir com as instituições formas, alternativas e propostas para que os indígenas possam ocupar esses espaços e assumir um posto no mercado de trabalho.”

Políticas de ações afirmativas

Sobre as principais políticas de ações afirmativas que a UFRGS tem para os estudantes indígenas, Vesolosquzki destaca que elas começaram em 2008 e, desde então, há políticas de assistência estudantil mais voltadas para os índios por meio da bolsa permanência, auxílio moradia, auxílio transporte, auxílio creche para as mães e material semestral. 

O coordenador do encontro enfatiza uma das maiores reivindicações dos povos indígenas hoje na UFRGS, que é a luta por uma moradia estudantil específica. “Para nós, a moradia é de extrema necessidade, uma vez que as casas de estudantes das universidades não têm estrutura para receber indígenas. Muitas universidades já avançaram nesse quesito, mas a UFRGS ainda está com dificuldades de implementar algo nesse sentido.”

Sobre os riscos de cortes nas políticas de ações afirmativas, Vesolosquzki alerta para o fato de que o governo é, claramente, desfavorável a uma política de ingresso tanto de indígenas quanto da população de baixa renda. Para ele, os povos indígenas estão na primeira linha de ataque e as políticas públicas de acesso ao ensino superior estão bastante ameaçadas. “Não precisa tirar o nosso acesso à universidade, basta nos impossibilitar através da falta de recursos, de assistência, porque isso inviabiliza nossa permanência na universidade. Não é privilégio, mas fruto de muita luta para que possamos estar aqui. Hoje, na UFRGS, são disponibilizadas 10 vagas por ano para indígenas e lutaremos por elas permanentemente”, ressaltou.

Diversidade e inclusão

O reitor da UFRGS, Rui Oppermann, relembrou o histórico das políticas de ações afirmativas da universidade reafirmando o caráter público da instituição: “Esta, como todas as universidades federais, é uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada. Isso significa que é a sociedade que manda no futuro da universidade”. Esse futuro, segundo ele, passa obrigatoriamente pela diversidade e pela inclusão.

Também fizeram parte da mesa de abertura a vice-reitora Jane Tutikian; a coordenadora de Ações Afirmativas da UFRGS, Denise Jardim; o diretor da Esefid, Ricardo Demétrio de Souza Petersen; a representante da comissão organizadora nacional do ENEI, Jacielly Fidellis; o líder indígena do povo Guarani/Ribeira Maurício Gonçalves; o líder indígena do povo Kaingang Luis Salvador; o procurador do Estado Silvio Jardim; o deputado federal Dionilso Marcon (PT/RS) e o procurador regional da República, Paulo Leivas.

A programação segue até quinta-feira, 24 de outubro, com mesas temáticas, debates, oficinas, ato político e apresentações artísticas e culturais.

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