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Terça-feira, 03 de dezembro de 2019

O papel político das mulheres na América Latina foi debatido no primeiro dia do encontro da IEAL

O papel político das mulheres e da educação na resistência e luta contra o neoliberalismo na América Latina foi o mote da análise de conjuntura no primeiro dia do Encontro da Rede de Trabalhadoras da Educação da IEAL (Internacional da Educação América Latina), entidade à qual o PROIFES é filiado. 

O painel foi dividido em dois momentos com três expositoras. A primeira expositora, a brasileira Juçara Dutra (vice-presidenta da Internacional da Educação entre 2004 e 2015 e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação entre 2002 e 2008) relacionou a tradição patriarcal, escravocrata e colonial das elites políticas no continente às atuais agendas de retrocessos e ataques aos direitos das classes populares. “Vivemos um período de aprofundamento do neoliberalismo na região, que vem acompanhada de uma onda neofascista no continente e no mundo. Não é a democracia que está em crise; é este projeto que precisa deixar de lado a democracia para ser implementado”, argumentou, complementando que não há enxugamento do Estado, ele continua funcionando bem para os bancos e corporações. Há, no entanto, o desmonte das políticas sociais e da exclusão da participação da maioria da população no orçamento.

E, por isso, “o papel das mulheres é fundamental na resistência, porque esta reorientação do orçamento do Estado no neoliberalismo nos penaliza fortemente. As mulheres são as primeiras atingidas pela privatização e pelo desemprego”.

Em seguida, Sonia Alesso, Secretária geral de CTERA (Confederación de Trabajadores de la Educación de la República Argentina) e da executiva mundial da Internacional da Educação, abordou as principais tarefas da militância no continente para derrotar a xenofobia e o fascismo, considerando a história comum de dominação na América Latina. Apesar de um ciclo de governos progressistas e avanço dos direitos, há um retorno de golpes na região partindo de um movimento dos grupos dominantes, corporações, e como sempre, dos EUA, que farão de tudo para evitar que nossos países possam ter justiça, liberdade, democracia e progresso. “Nesse sentido, a tarefa que temos tem a ver com como recriaremos a referência coletiva, como enlaçamos a luta do passado e do presente, e como faremos a unidade possível do campo popular em cada um dos nossos países”.

Um dos caminhos, segundo ela, é o aprofundamento de debates em relação aos direitos das mulheres, a luta pela educação pública, as pautas dos povos originários, negros e LGBTTQ+, entre outros pontos. “Temos que discutir ainda como reforçamos a luta do movimento pedagógico na América Latina atrelada à luta contra a xenofobia e o racismo. Essa é uma tarefa da escola e nossa como educadoras/es”, defendeu.  

Yamile Socolovsky (secretária de Relações Internacionais da CONADU da Argentina) encerrou o painel refletindo sobre o surgimento do movimento feminista do continente na década de 1970 como parte da resposta do movimento popular ao que chamou “de assédio ideológico sobre a democracia”.

Para Yamile, o movimento feminista atual é inédito porque é eminentemente popular e atravessa todas as organizações sociais, incluindo os sindicatos. “E tem a ver com os avanços do período anterior, dos governos democráticos, mas sua consolidação também tem a ver com a volta do neoliberalismo no continente”. Hoje, disse, “ser feminista, e sindicalista é ser a pior inimiga do neoliberalismo”.   
 

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