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Segunda-feira, 09 de março de 2020

Fabiana de Oliveira é coordenadora do Curso de Fonoaudiologia da UFCSPA e uma das convidadas da Semana da Mulher na ADUFRGS

De 10 a 12 de março, a ADUFRGS-Sindical realiza a Semana da Mulher. “Precisamos falar sobre mulheres na Ciência” é o tema de mais um Conversas na ADUFRGS, na próxima terça, dia 10, às 14h, na sede da Barão do Amazonas. 

A história da Fonoaudióloga Fabiana de Oliveira se resume ao antes e o depois de se tornar servidora pública no município de Triunfo no Rio Grande do Sul. Fabiana se graduou em Fonoaudiologia no Instituto Metodista de Educação e Cultura (IPA), em 1995, época em que não existia o curso em universidades públicas em Porto Alegre, onde morava. Mas ali também, quando passou no concurso público para ser Fonoaudióloga em Triunfo, que Fabiana passou a vivenciar bem de perto o impacto das políticas públicas na vida da população.

"Lá eu vivenciei muita dificuldade porque era um município desprovido de qualquer instituição de direitos. Não existia nem Conselho Tutelar", relembra. "Foi um grande aprendizado pra mim porque acabei participando da construção de uma série de políticas públicas, como os conselhos de saúde e educação. E essa experiência foi um grande divisor", aponta. Ela trabalhou no município de 1996 a 2011.

A partir dessa experiência, a trajetória acadêmica e profissional de Fabiana ficou para sempre ligada “a essa relação entre saúde e educação”, como ela define. Ainda em Triunfo, fez parte da equipe que trabalhou a inclusão escolar do primeiro aluno surdo na rede pública do município e decidiu mergulhar na análise do discurso da Fonoaudiologia. Fez mestrado (2002) e doutorado (2011) em Estudos da Linguagem no Instituto de Letras da UFRGS, e especialização em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior em Saúde pela FIOCRUZ, em 2006.

"Eu fui trabalhar na questão da construção do discurso da Fonoaudiologia, fui buscar as origens, as formações discursivas que constituíram esse discurso e isso me abriu um leque muito grande de compreensão. Reforçou a minha prática como profissional, como servidora pública, como profissional da fonoaudiologia, mas em primeiro lugar, como profissional de saúde”. 
Após a conclusão do mestrado, Fabiana começou a dar aulas no IPA e foi chamada para trabalhar com as disciplinas de Fonoaudiologia Comunitária. Naquela época, relembra, “não se falava em Saúde Coletiva; a Fonoaudiologia não tinha essa perspectiva e, por isso mesmo, foi uma experiência muito importante, quando pude estudar Saúde Coletiva”, área que segue até hoje.

“Eu tive a oportunidade de coordenar o curso no IPA durante algum tempo e construir, juntamente com a comunidade acadêmica, um novo currículo. Modernizamos bastante o currículo, e a Saúde Coletiva passou a se fortalecer muito a partir daí”.

Nesse meio tempo, Fabiana foi mãe do Gabriel, hoje com 10 anos, “bem no início do doutorado. Foi um período muito produtivo, mas muito difícil: ser mãe, trabalhar em outra cidade e de dar conta de tudo isso. Eu lembro que boa parte da minha tese eu fiz amamentando”.

Para Fabiana, toda essa experiência compartilhada acabou “gradativamente se constituindo naturalmente no caminho de ampliar o olhar da Fonoaudiologia, que é uma profissão muito técnica, muito mecanicista, muito umbilical, e inicialmente, muito elitizada”. Ela conta que conseguiu pesquisar e estudar, mas também formar Fonoaudiólogos com esse outro olhar, além de viver tudo isso no seu dia a dia. “Isso me traz uma grande satisfação e é uma das grandes riquezas do meu processo: ter vivido isso tudo na realidade do cotidiano, de quem foi pro front vivenciar, batalhar e crescer”.

Hoje, aponta, “trago essa minha experiência para a sala de aula. As minhas pesquisas são sobre esse viés do papel da Fonoaudiologia na Saúde Coletiva, das outras possibilidades, a questão da interprofissionalidade, a própria formação do Fonoaudiólogo também me interessa”. Mas, mesmo pesquisando, Fabiana diz que se sente “mais uma profissional da extensão, da prática, da formação, do que da pesquisa em si”. E é sobre tudo isso que ela vai falar no painel Precisamos Falar sobre Ciência nesta terça-feira, 10 de março, às 14h, na sede da ADUFRGS. 

“Falar um pouco disso vai ser interessante para reconstituir todo esse processo para mim mesma”, disse. E conclui definindo a Saúde como “uma área muita feminina”. “Eu vejo isso como algo muito importante. Eu tenho me colocado nesse lugar de formar alunos, mas, principalmente, alunas; mulheres que possam transformar essa prática, que possam lutar em defesa do SUS, da educação pública e de um trabalho de qualidade dentro do espaço público”.         

Perfil
Fabiana de Oliveira possui graduação em Fonoaudiologia pelo Instituto Metodista de Educação e Cultura (1995) é especialista em Ativação de Processos de Mudança na Formação Superior em Saúde pela FIOCRUZ (2006), mestre (2002) e doutora ( 2011) pelo Instituto de Letras na área de Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atuou como Fonoaudióloga concursada da Prefeitura Municipal de Triunfo/RS (1996 a 2011). Foi professora do curso de Fonoaudiologia do Centro Universitário Metodista IPA (2003 a 2013) e no curso de especialização em Saúde coletiva da mesma instituição. Atualmente é professora do departamento de Fonoaudiologia e coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA. Atua nas áreas de Saúde Coletiva, Fonoaudiologia Educacional, Distúrbios da Linguagem/Gagueira e Linguística da Enunciação. Ela também é mãe do Gabriel (10 anos) e do Rodrigo (4 anos).

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