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Quinta-feira, 30 de abril de 2020

Projetos foram adaptados e outros surgiram para dar apoio aos grupos mais atingidos pelos efeitos sociais e psicológicos da pandemia

O Instituto de Psicologia da UFRGS criou o Comitê para Ações de Enfrentamento ao Coronavírus (CAEC-IP), que reúne 24 iniciativas entre pesquisas que já vinham sendo desenvolvidas no IP e que foram adaptadas ao contexto da pandemia e outras ações internas e externas que surgiram a partir das discussões semanais entre a equipe dos cursos de Psicologia, Serviço Social e Fonoaudiologia. Segundo a diretora do IP, Clarissa Trentini,  a ideia é que a comunidade interna e externa tenha um canal de informação sobre o que a universidade oferece na área da Psicologia e possa acessá-lo sempre que precisar.

Assim, há ações de escuta e acolhimento de profissionais da área da saúde, de alunos da Química, da Farmácia e outras áreas que estão envolvidas diretamente com o enfrentamento ao coronavírus seja nos laboratórios ou Hospitais. Há grupos envolvidos no apoio às mulheres em situação de violência doméstica, outro arrecada  recursos para ajudar as comunidades mais vulneráveis, apenas para dar alguns exemplos. Todas as iniciativas estão reunidas em uma tabela com os contatos referentes a cada uma no link http://www.ufrgs.br/psicologia/instituto-de-psicologia/servicos/acoes-do-caecip

“Estou orgulhosa por fazer parte da UFRGS, porque são muitas as ações para enfrentamento da pandemia dentro da Universidade”, diz Clarissa. “Recentemente criamos um bate-bapo online entre professores e alunos, temos a nossa Biblioteca Viva bem ativa, estamos criando uma nova página na internet e pensando em outras ações”, revela.

Escuta e acolhimento

Nos projetos que envolvem escuta e acolhimento, o objetivo é deixar o canal aberto para que aqueles que precisam de apoio possam manifestar suas angústias e medos por e-mail ou telefone. A partir de então, essa escuta pode ou não evoluir para um atendimento individualizado, como explica a psicanalista e professora Rose Gurski, que atua no Núcleo de Pesquisa em Psicanálise, Educação & Cultura (NUPPEC), do Instituto de Psicologia da UFRGS.

O Núcleo adaptou seu projeto de pesquisa com instituições socioeducativas de privação de liberdade para o momento de isolamento social e propôs o espaço de acolhimento online aos agentes socioeducativos e técnicos da FASE. “Hoje, estamos impedidos de ir até a FASE por causa da quarentena. Mas nos demos conta de que o local reúne um grupo de risco, por conta da aglomeração e do próprio confinamento”, destaca Rose. “Então, quando houve o movimento de cada grupo dentro da universidade pensar em como poderia contribuir, foi muito natural para nós pensar nessas pessoas que já estão conosco, nos dando elementos de pesquisa com as suas experiências de vida”.

Sonhos em tempos de pandemia

A psicanalista Rose Gurski também desenvolve uma pesquisa em Oniropolítica, termo criado por pesquisadores da UFRGS, USP e UFMG para tratar da “política dos sonhos”. Atualmente, os estudos se voltaram para a coleta de sonhos de profissionais da Saúde e da Educação em tempos de pandemia. 

A Oniropolítica procura entender, por meio dos sonhos, no atual contexto, de que modos a escuta dos medos e pânicos que emergem nas narrativas oníricas podem ajudar na economia da escuta e no despertar da consciência. “No Brasil, não temos regime totalitário na teoria, mas na prática. E não há nada que adoeça mais o sujeito do que a impossibilidade da pluralidade de sentidos”, diz Rose sobre as inquietações verificadas nos sonhos coletados. 

 “É muito interessante perceber que há muitas pessoas querendo falar de seus sonhos neste momento”, frisou. Em artigo assinado por ela e pela colega do Instituto de Psicologia Cláudia Perrone, as duas sublinham que “(...) a Covid-19 pode estar funcionando como um movimento na direção de uma certa parada reflexiva sobre o atual cenário político do país”.

Veja todas as ações do IP e como entrar em contato na tabela http://www.ufrgs.br/psicologia/news/arquivos/CAECIPint27.04.pdf.