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Quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Mais de 100 dirigentes sindicais gaúchas aprovaram a plataforma das mulheres para as eleições municipais.

“Na luta e na resistência, pela vida das mulheres e contra a destruição das políticas públicas”. Esse foi o mote do Encontro Estadual das Mulheres promovido pela CUT-RS, na manhã deste sábado, 10.  O evento virtual realizado através da plataforma Zoom reuniu mais de 100 mulheres dirigentes de sindicatos gaúchos. A ADUFRGS-Sindical marcou presença no Encontro com a participação das diretoras de Comunicação, Sônia Mara Ogiba, e de Assuntos da Carreira do EBTT, Maria de Lourdes Ilha Gomes.

O presidente da CUT-RS, professor Amarildo Cenci, participou da abertura do evento e destacou a importância de combater a violência contra as mulheres. “Em um Estado Social de Direitos, os direitos das mulheres estão incluídos. No capitalismo, o machismo está no DNA. É papel do Estado combater o machismo estrutural. Portanto, as políticas devem seguir na direção de construir autonomia pessoal e econômica das mulheres, como iniciativa de apoio às vítimas e medidas que previnam e combatam todas as formas de violência”.

A plataforma das mulheres cutistas (clique aqui para acessá-la) para as eleições municipais de 2020 foi debatida durante o evento. As dirigentes sindicais defenderam as candidaturas femininas que representam a classe trabalhadora nas eleições municipais deste ano e a importância das mulheres ocuparem cada vez mais espaço na política. “Temos que cobrar respeito e apoiar candidaturas que tenham conhecimento de classe e saibam que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no parlamento”, destacou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Ana Cruz. 

As campanhas das eleições municipais já estão a todo o vapor nos municípios. Elas acontecerão no dia 15 de novembro, em primeiro turno, e no dia 29 de novembro, nas cidades onde acontecer segundo turno. A integrante do Grupo de Pesquisa Violência e Cidadania (GPVC/UFRGS) e do Grupo de Estudos sobre o Pensamento de Mulheres Negras, Suelen Aires Gonçalves, lembrou durante o encontro virtual que os todos os programas estaduais e federais são executados em cada um dos municípios brasileiros. “É no município que se vive os efeitos do debate macro”, enfatizou Suelen, que também é Doutoranda em Sociologia pela UFRGS. 

Nos últimos anos, o Brasil vivenciou uma progressão no debate público em torno das questões femininas. Temas como assédio, aborto, maternidade e carreira vêm sendo discutidos amplamente na sociedade e ganhando espaço no cenário político. A luta pelo direito das mulheres vem progredindo não só no Brasil, mas em todo o mundo. Alguns avanços já foram conquistados nas últimas décadas, como o direito ao voto e o direito de serem eleitas. Porém, no que tange a representatividade das mulheres na política, esse debate ainda se encontra muito distante do desejado.

Mesmo o gênero feminino representando mais da metade da população brasileira (51,8%), a presença das mulheres ainda é modesta dentro dos legislativos e executivos em todos os níveis. Em 2018, nas últimas eleições, o total de mulheres eleitas representou apenas 16,2%. Mesmo o índice sendo baixo, o número de mulheres eleitas cresceu 52,6% em relação a 2014. 

A diretora de Comunicação da ADUFRGS, Sônia Mara Ogiba, ressaltou a relevância dos debates trazidos pelas companheiras sindicalistas para que a construção de um Projeto Feminista e de inclusão das mulheres na vida política do país, do estado e dos municípios, se concretize. Lembrou que a discriminação contra as mulheres na sociedade capitalista vem de longa data. “Essa discriminação e exclusão das mulheres aos direitos sociais e à sua participação na vida política tem sido estrutural à própria formação do capitalismo. E esse fato é fundamental para se entender o porquê o capitalismo globalizado, que viceja desde o início do século XXI, é movido por relações de máxima violência contra as mulheres, estando histórica e necessariamente ligado ao racismo e ao sexismo. Precisamos estancar essa violência, nos associando às lutas de resistência ao capitalismo que hoje atingem uma dimensão global, como nos informam as feministas do mundo todo, concluiu”. 

A diretora de Assuntos da Carreira do EBTT, Maria de Lourdes Ilha Gomes, também participou do Encontro das Mulheres da CUT-RS. Segundo ela, o evento foi uma ótima oportunidade de aprendizado e também para ressaltar a importância da representação feminina nos cargos políticos. 

Pandemia fez desemprego crescer

A questão do desemprego entre as mulheres, motivado pela pandemia, também foi pauta durante o Encontro. A economista, doutora e pesquisadora na área de relações de trabalho e gênero da Unicamp, Marilane Teixeira, apresentou dados que ilustram a situação no Brasil (confira a apresentação). A chegada da pandemia encontrou um mercado de trabalho já desestruturado com elevado nível de pessoas desempregadas, desalentadas, subocupadas e informais. “Esse quadro se agravou diante da crise atual, uma vez que milhões de mulheres tiveram suas atividades interrompidas pelas recomendações de isolamento social. Aquelas que se encontravam em condições mais vulneráveis se viram subitamente sem trabalho e sem renda”, comenta. 

Ela destacou ainda que a taxa de atividade no país chegou a 57,3% em 2013. Na pandemia, esse número caiu para 47,9% e, entre as mulheres, para 39,4%. No período compreendido entre o 1º e o 2º Trimestre de 2020, a população fora da força de trabalho se ampliou em 10,499 milhões de pessoas. “São pessoas que perderam sua ocupação e não retornaram ao mercado de trabalho. Destas, 58% eram mulheres” afirmou a economista. A taxa de atividade se refere ao total de pessoas ocupadas sobre o total de pessoas em idade de trabalhar.