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Sexta-feira, 20 de novembro de 2020

ADUFRGS marca o mês da Consciência Negra com homenagem a Oliveira Silveira

Neste mês da Consciência Negra, a ADUFRGS-Sindical homenageia o professor, poeta, escritor, ensaísta e, acima de tudo, ativista do movimento negro, Oliveira Silveira (1941-2009), em matérias, cards e lives. Foi ele quem sugeriu a data de 20 de novembro para a conscientização, por ser este o dia de morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola. 

Esse representante genuíno da cultura negra gaúcha, deixou um legado que vai além das suas obras, deixou uma mensagem de perseverança e de estímulo aos negros e negras para que conquistassem seus espaços de direito. Ele foi o fundador do Grupo Palmares, um dos precursores do Movimento Negro moderno, que se caracterizou pela construção de uma identidade negra referenciada em aspectos locais e globais. 



Em dezembro de 2005, Oliveira Silveira contou sobre a origem do Grupo Palmares, a escolha do nome e a definição de 20 de novembro como Dia da Consciência Negra para a professora de Antropologia da Unilab, Vera Rodrigues. Na época, ela escrevia sua dissertação de Mestrado sobre o quilombo Anastácia, de Viamão, defendida em 2006, na UFRGS, sob orientação da antropóloga e professora Denise Jardim.

Vera conta que entrevistou Oliveira Silveira no Mercado Público, local frequentemente frequentado pelo poeta e onde está um dos marcos da religiosidade de matriz afro-brasileira no Rio Grande do Sul. Segue um trecho da resposta do ativista quando indagado sobre a origem do grupo Palmares, conforme relato da própria professora. 

“O nome Palmares surgiu de uma opção do próprio grupo em função do Quilombo do Estado Negro de Palmares. O grupo surgiu em 1971 e justamente porque nós discutíamos a questão do 13 de maio, vendo que não havia motivos para comemorar, e passamos a pensar em datas alternativas. Eu fiz este trabalho de estudar um pouco mais a história do Brasil e as datas e então conclui que havia várias datas e que talvez a principal fosse o 20 de novembro em função de que se referia à morte de Zumbi e a Palmares, que no meu entendimento tinha sido o momento, a passagem mais importante da história do negro no Brasil. Aquele fato de ter durado um século todo como um território livre e com aquela importância toda não deixavam dúvidas a esse respeito.”



Meses após o depoimento, Oliveira Silveira assistiu à defesa da dissertação de Vera Rodrigues na UFRGS. “Eu não esperava que ele fosse assistir, como público, à minha defesa da dissertação. Foi marcante ver um dos, senão o principal ícone referencial do Movimento Negro gaúcho ali, me ouvindo, uma jovem mestranda, a primeira mulher negra a ingressar no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFRGS”, comenta Vera.

Mais tarde, a professora Vera teve contato com uma estudante gaúcha que, inspirada por Oliveira Silveira, desenvolveu uma pesquisa que a levou até as origens africanas do povo negro. A partir da própria experiência, Vera confirmou a importância do poeta ativista como impulsionador de uma produção de conhecimento negra gaúcha. “Isso é fundamental. Ele deixa um legado, um trabalho fantástico sobre os clubes negros, um acervo, o Dia da Consciência Negra e, também, entranhado em todos nós, essa fome, essa vontade de falar de nós, por nós”, destaca.
 

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