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Sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

ADUFRGS-Sindical apoia a nota da Faculdade e reforça o apelo às autoridades para que se mantenham obedientes as orientações científicas.

A Faculdade de Medicina da UFRGS divulgou nota hoje, 15, em que manifesta "grande preocupação com as medidas de combate à epidemia de COVID-19 adotadas em Porto Alegre". Segundo a nota, "o relaxamento de medidas protetivas de distanciamento e proteção pessoal, assim como o fornecimento de medicamentos sem comprovação científica para a profilaxia dessa infecção incorrem em um equívoco na condução das políticas de saúde pública". A ADUFRGS-Sindical apoia a nota da FAMED/UFRGS e reforça o apelo às autoridades para que se mantenham obedientes as orientações científicas.
Confira abaixo a nota da FAMED/UFRGS na íntegra.



NOTA DO CONSELHO DA FACULDADE DE MEDICINA


A centenária Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FAMED-UFRGS), fiel a seus compromissos junto à sociedade brasileira, de garantir formação médica de alta qualidade, de produzir ciência de ponta e de promover saúde, vem, por meio desta carta, externar sua grande preocupação com as medidas de combate à epidemia de COVID-19 adotadas em Porto Alegre.

O relaxamento de medidas protetivas de distanciamento e proteção pessoal, as quais possuem evidências significativas de efetividade, assim como o fornecimento de medicamentos sem comprovação científica para a profilaxia dessa infecção - o chamado “tratamento precoce” - incorrem em um equívoco na condução das políticas de saúde pública, as quais devem estar voltadas à redução de casos infectados e de óbitos causados por essa doença.

Tais medidas, além de ampliarem os gastos dos recursos financeiros públicos de maneira indevida, ameaçarão diretamente a saúde dos nossos concidadãos e fragilizarão ainda mais a qualidade da assistência prestada pelos profissionais de saúde, ampliando a tensão na linha de frente de enfrentamento ao COVID-19, graças à produção de uma demanda forçada. Ao recomendar-se tratamentos com eficácia não comprovada, além de não ser oferecida segurança individual ou coletiva, cria-se um precedente inquestionável de ruptura do uso da ciência na tomada de decisões para o melhor uso de recursos em saúde.

Cabe ressaltar a inexistência de evidências científicas que sustentem a implementação de tais medidas. Como exemplos, o National Institute of Health (NIH) dos Estados Unidos da América, e o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) do Reino Unido, ambos órgãos nacionais, não preconizam o uso dessas estratégias e medicamentos para tais fins. A Sociedade Brasileira de Infectologia também vem se manifestando sistematicamente no mesmo sentido. Todas essas instituições reconhecem a importância a vacinação para o controle da epidemia.

Apela-se para o espírito público de nossos gestores e solicita-se a revogação imediata das medidas adotadas em desconformidade com as orientações sanitárias e científicas, em benefício da sociedade porto-alegrense.

A FAMED-UFRGS, sempre atenta e compromissada com a saúde da sociedade brasileira, seguirá empenhada no combate a essa pandemia e na redução de seus impactos, defendendo a utilização das melhores práticas científicas e estando à disposição para manter diálogo e permanente troca de informações. A sociedade pode contar conosco.


Porto Alegre, 15 de janeiro de 2021