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Terça-feira, 19 de junho de 2018

Kepler pesquisa estrelas anãs brancas, que são o final evolutivo de mais de 95% das estrelas

Portal ADUFRGS - O que o senhor pesquisa?

Professor Kepler de Souza Oliveira - Eu pesquiso estrelas anãs brancas, que são o final evolutivo de mais de 95% das estrelas. O Sol, daqui a 6 bilhões de anos, será uma estrela anã branca. 

Portal ADUFRGS - Poderia descrever o seu projeto?

Professor Kepler - O início da pesquisa, há mais de trinta anos, era a descoberta e o estudo de estrelas anãs brancas pulsantes, já que as pulsações nos permitem estudar o interior das estrelas. Nesta época, descobrimos uma estrela que é o relógio ótico mais estável conhecido no Universo. Na década de 1990, descobrimos uma estrela de diamante - um cristal de carbono do tamanho da Terra – e, em 2016, descobrimos uma estrela com atmosfera composta somente de oxigênio, a primeira conhecida até agora.

Portal ADUFRGS - Qual é a utilidade da sua pesquisa para a vida das pessoas?

Professor Kepler - Eu utilizo estas estrelas como laboratório para estudar a física de altas densidades e altas temperaturas, muito maior do que podemos atingir em laboratórios aqui na Terra, além de estudar a arqueologia da nossa Galáxia, já que as estrelas mais velhas que o Sol já se tornaram anãs brancas.

Portal ADUFRGS - Como iniciou o seu trabalho com o Telescópio espacial Hubble?

Professor Kepler - Eu fiz meu doutorado na Universidade do Texas, de 1979 a 1984, com orientação do professor Rob Robinson. Quando o telescópio espacial estava sendo construído, no início dos anos 1990, ele era um dos cientistas proponentes de um instrumento do Hubble, o fotômetro, utilizado na medição de estrelas variáveis. Em 1995, eu realizei um estágio sênior na Universidade do Texas e, então, ganhamos tempo para estudar algumas anãs brancas pulsantes com o Hubble.

Portal ADUFRGS - O que exatamente o telescópio Hubble observa? 

Professor Kepler - O telescópio espacial Hubble, que foi proposto em 1948, realiza observações das estrelas e galáxias acima da atmosfera da Terra e, portanto, sem a interferência da atmosfera, que borra as imagens, por causa do movimento das células. 

 

Portal ADUFRGS -  Para que servem as observações que o senhor faz do Hubble? 

Professor Kepler - As observações de 1995 e posteriores permitiram que comparássemos a  amplitude das pulsações no ótico, observadas com telescópios na Terra, com as amplitudes observadas no ultravioleta, que não conseguem atravessar a camada de ozônio da atmosfera, e estudarmos a forma das pulsações, que aparecem como manchas grandes na superfície das estrelas.

Atualmente estamos usando o Sloan Digital Sky Survey em observações espectroscópicas realizadas no Novo México, para identificar novas anãs brancas. Quando começamos este estudo, em 2013, só conhecíamos 3 mil anãs brancas, e já descobrimos mais de 32 mil deste então.

Por Daiani Cerezer