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Quinta-feira, 11 de abril de 2019

ADUFRGS participa do evento em que foi lançada pesquisa de percepção do assédio moral e sexual na Universidade

Texto e fotos: Daiani Cerezer

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) passa a integrar, oficialmente, o Comitê Impulsor do Movimento HeForShe, criado pela Organização das Nações Unidas Mulheres. Em cerimônia realizada na quarta, dia 10, no gabinete do reitor, foi assinado o termo de adesão e a entrega das portarias do Comitê UFRGS HeForShe.

O movimento é um esforço global para envolver homens e meninos na remoção das barreiras sociais e culturais, que impedem as mulheres de atingir seu potencial, e a organizar juntos, homens e mulheres, uma nova sociedade. Em âmbito nacional, a rede é articulada pelo Comitê Nacional Impulsor Brasil ElesPorElas (HeForShe). 

A vice-reitora da UFRGS Jane Tutikian, o reitor Rui Vicente Oppermann, a diretora do Planetário e representante da UFRGS no HeForShe Daniela Pavani, o presidente do Comitê Gaúcho da campanha,  deputado estadual Edegar Pretto, e o presidente da ADUFRGS-Sindical, Paulo Mors, estiveram na cerimônia.

Jane assinou o termo de adesão como reitora em exercício, lembrando que a trajetória das mulheres tem sido de muitas conquistas, mas que ainda há muito a se fazer, principalmente diante dos casos de feminicídio e de dificuldades de ascensão na carreira, incluindo a carreira científica. A educação, na opinião dela, é o caminho para que estes problemas sejam superados.

 

Oppermann destacou que, na sua geração, o machismo era ainda maior “e as mulheres é que faziam tudo pelos homens”. Ao mesmo tempo em que se declarou feliz por estar vivendo a inversão desse movimento, ele lamentou o aumento do número de casos de feminicídio no Brasil. “É uma vergonha e não vejo ações concretas por parte do governo federal para combater essa triste realidade”, disse. 

O presidente da ADUFRGS, Paulo Mors enfatizou que o movimento HeForShe atua com o intuito de modificar a cultura machista na nossa sociedade. “Muito interessante a observação feita pelo coordenador estadual do projeto, deputado Edegar Pretto, de que precisamos trabalhar como num avião, em caso de despressurização: primeiro, coloque a máscara sobre o seu rosto e, depois, atenda os demais. É o que está por trás desse movimento: primeiro, vamos combater o machismo e a violência contra as mulheres dentro do nosso próprio ambiente para, depois, atuarmos como exemplo, interferindo na sociedade para acabar com essa mácula que é o machismo, a agressão e a violência contra as mulheres.”

Pesquisa mapeará casos de assédio para solucioná-los

A professora do Departamento de Física da UFRGS e coordenadora do projeto “Meninas na Ciência”, Carolina Brito, explicou que, no ano passado, foi aplicado um questionário nos EUA, que apontou a existência de assédio moral e sexual nas universidades. “Assim surgiu a ideia de fazer o mesmo na nossa universidade.” Aderindo ao HeForShe, a UFRGS reconhece que o problema existe e, a partir daí, pode criar estratégias para solucioná-lo.

Até o final de abril, a comunidade universitária (alunos, docentes e técnicos-administrativos com mais de 18 anos) irá receber questionários sobre a percepção dos casos de assédio e sobre experiências vividas no ambiente acadêmico. Essa será a primeira ação do Comitê UFRGS HeForShe na UFRGS.

A pesquisa é coordenada pelas docentes do Instituto de Física (IF) Daniela Pavani e Carolina Brito e pelo professor Ângelo Brandelli, da PUCRS. Segundo Daniela Pavani, o início da pesquisa representa “um marco histórico, pois a imagem do problema é um passo para poder enfrentá-lo. É preciso dizer que esse problema existe”, enfatizou. Segundo os coordenadores, esta é a primeira universidade brasileira a realizar uma pesquisa de alcance tão amplo estruturalmente. Além de mapear e quantificar o problema, a pesquisa pretende contribuir para a elaboração de políticas institucionais de combate ao assédio.