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Quarta-feira, 17 de abril de 2019

As inscrições para o programa ''Para Mulheres na Ciência'' vão até o dia 30 de abril

Apesar do impacto das novas tecnologias gerar demandas por profissionais e pesquisadores para as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, a participação das mulheres ainda é muito desequilibrada. Apenas 30% dos cientistas de todo o mundo são mulheres. 

Para promover um maior equilíbrio no cenário brasileiro e incentivar a entrada de mulheres no universo das pesquisas científicas, foi realizado o bate-papo “Ciência, Mulheres e Empoderamento” sobre a importância da igualdade de gênero na ciência e no mundo. O evento, organizado pela L’Oréal, aconteceu na terça-feira, 16, no auditório da SEAD, no Campus do Vale. Dezenas de integrantes da comunidade acadêmica acompanharam o debate, que abordou temas como maternidade, assédio, representatividade de gênero, machismo e sororidade.

A roda de conversa teve a participação da diretora da Academia Brasileira de Ciências e professora titular do Departamento de Física da UFRGS, Marcia Barbosa, das professoras Ana Chies e Raquel Giulian, também da Física, e da professora Adriana Neumann, da Matemática.

A posição das participantes foi unânime no que se refere ao combate ao preconceito contra as mulheres no universo científico. Para elas, o primeiro passo é reeducar umas às outras, para, depois, educar os demais. Destacaram, ainda, que o machismo está presente também entre as mulheres e é tão naturalizado na sociedade que as vítimas admitem sentir vergonha de dizer que sofrem preconceito no ambiente acadêmico.

“Precisamos amadurecer para ajudar os demais. Enquanto professoras, temos um papel muito importante em sala de aula, controlando manifestações de preconceito naquele ambiente. Só pelo fato de ser mulher professora, acredito que despertamos nas alunas coragem para enfrentar esses problemas”, destacou Adriana Neumann.

Prêmio L’Oréal-UNESCO ''Para Mulheres na Ciência''

Marcia Barbosa, ganhadora do prêmio For Women in Science em 2013, disse que é emocionante ver tantas meninas falando sobre o que o prêmio significou em suas vidas e aproveitou para divulgar que as inscrições para a edição deste ano ficam abertas até o dia 30 de abril. “Eu quero muitas gaúchas inscritas, para me dar muito problema, como jurada, para selecionar a melhor”, brincou. 

Ana Chies estuda coleções antigas de estrelas (aglomerados globulares), utilizando dados fornecidos por grandes telescópios. O objetivo é elucidar grandes questões relativas à formação estelar na Via Láctea e no Universo distante. “Foi muito importante ganhar o prêmio porque me deu muita confiança e também me ajudou bastante financeiramente no começo da carreira, em 2014. Infelizmente, de lá pra cá as coisas só vão de mal a pior”, lamentou.

Ganhadora do Prêmio em 2013, Raquel Giulian pesquisa a formação de poros em antimonetos irradiados por feixes de íons e a utilização desses materiais na detecção de gases. Estudante da UFRGS, ela fez doutorado e pós-doutorado na Austrália, onde se especializou no estudo de nanopartículas. “O prêmio criou diversas oportunidades que, sem ele, eu não teria, principalmente porque fiz o meu doutorado na Austrália e tive muitas oportunidades de publicação”, relatou. 

Adriana Neumann, que foi premiada em 2016, acredita que os aspectos mais importantes da conquista são o reconhecimento pessoal, o financiamento para pesquisa e a valorização da mulher na Ciência. Segundo a matemática, as mulheres enfrentam muitas barreiras para serem valorizadas nessa área. “Você consegue se tornar cientista, mas progredir e encontrar mulheres em posição de destaque é muito raro e difícil no Brasil”, afirmou.

O trabalho que rendeu o prêmio para Adriana Neumann trata do comportamento coletivo das partículas de um sistema físico. Na opinião dela, um dos fatores que impedem a ascensão das mulheres nestas áreas é a cultura equivocada de que “mulher não serve para as ciências exatas”. 

Saiba mais sobre o Prêmio

Desde 2006, a L’Oréal Brasil promove, em parceria com a UNESCO BRASIL e com a Academia Brasileira de Ciências, o Programa “Para Mulheres na Ciência”. Ele tem como motivação a transformação do panorama da ciência no país, favorecendo o equilíbrio dos gêneros e incentivando a entrada de jovens mulheres no universo científico.

A cada ano, sete jovens pesquisadoras de diversas áreas de atuação são contempladas com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil. O prêmio distribuiu, até hoje, mais de 3,9 milhões de reais entre 89 mulheres cientistas promissoras, que receberam impulso extra para dar prosseguimento em seus estudos e incrementar o desenvolvimento da ciência no país.

Os trabalhos são avaliados por uma comissão julgadora formada por renomados profissionais das áreas científicas. A 14ª edição está com as inscrições abertas. As inscrições podem ser feitas no site www.paramulheresnaciencia.com.br.