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Segunda-feira, 22 de abril de 2019

Ranking das “fábricas de conhecimento” do Brasil foi elaborado pela USP.

Texto: Giliane Greff

A professora Flavia Twardoski recebeu há algumas semanas o prêmio professor destaque na FEBRACE 2019, Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, realizada no Centro de Inovação da USP, em São Paulo. Ela é docente do IFRS Campus Osório desde 2011, que foi classificado entre as 50 instituições de pesquisa com maior participação em publicações científicas  no país, de 2014 a 2018, em recente pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo. O levantamento usou como fonte a Web of Science, base de dados que possibilita a identificação de artigos de periódicos em diversas áreas do conhecimento. O ranking de produção científica também revela que o IFRS é o único Instituto Federal entre os listados.

Flávia conta que descobriu a pesquisa científica quando iniciou a carreira como professora substituta no campus Osorio, em 2011, quando foi lançado o primeiro edital para pesquisa no Instituto. “Eu nem sabia muito bem como seria produzir pesquisa no ensino médio, foi algo bem despretensioso”, confessa. Ao levar duas alunas para representar o IF na Mostratec, uma feira internacional que ocorre em Novo Hamburgo, “vi a possibilidade dos alunos desenvolverem projetos de pesquisa relacionados com problemas locais da realidade deles."

Hoje, Flavia divide sua carga horaria entre a sala de aula e a direção de pesquisa e inovação e pós-graduação do Campus Osório.  Atualmente, ela está envolvida com o projeto Meninas na ciência, desenvolvido pelo Instituto de Física da UFRGS, em parceria com outras instituições, com o objetivo de atrair jovens para a área de exatas. 

Entre diversos prêmios no currículo, ela destaca o primeiro lugar na categoria jovem cientista do ensino médio do CNPQ , conquistado pela  estudante Juliana Estradioto, em 2018, com o projeto  Desenvolvimento de Filme Plástico Biodegradável a partir da Fibra Residual do Maracujá. Também com orientação de Flávia, o trabalho Tratamento de efluentes têxteis através de resíduos agroindustriais provenientes do Litoral Norte gaúcho recebeu o prêmio Intel ISEF (Intel International Science and Engineering Fair). A Feira, realizada em Pittsburgh, nos Estados Unidos, reuniu 1,7 mil estudantes do mundo inteiro. Juliana ficou mais conhecida recentemente por ter sido a única estudante brasileira convidada a participar de uma cerimônia de entrega do Prêmio Nobel, que deve ocorrer no final de  2019 . 

O Diretor de Assuntos de Carreira do EBTT (ensino básico técnico e tecnológico) da ADUFRGS, Eduardo Silva é docente da área de química orgânica no IFRS Campus Feliz. Ele considera a posição do IFRS no ranking da USP como um reconhecimento, principalmente por se tratar de uma instituição jovem, com apenas 10 anos de existência. Eduardo acredita que a fórmula de ensino, pesquisa e extensão utilizada nos IFs, que vai desde o nível básico até o superior, pode servir como modelo para outras instituições. “Infelizmente, a sociedade não reconhece e não valoriza a produção que é feita nas instituições federais”, lamenta, lembrando que, embora o Brasil ocupe o 13º lugar no mundo em número de publicações científicas, estamos apenas em 36º lugar no quesito investimentos. “É lamentável que o investimento em pesquisa seja tão baixo. Os nossos pesquisadores fazem muito mais do que poderiam com a verba que recebe”, conclui.

O vice-presidente da ADFURGS-Sindical, Lucio Vieira, que é professor do IFRS Campus Porto Alegre na área de química, afirma se sentir orgulhoso com a indicação. “Fazer parte de um grupo de professores que ganha esse destaque nacional mostra o quando foi importante a criação dos institutos federais como um modelo que complementa as universidades nas atividades de formação dentro do sistema federal de ensino”.  

Ele esclarece que os institutos federais são fruto de uma demanda pública que precisava ser atendida, que era a necessidade de cursos técnicos, tecnológicos e licenciaturas nas áreas de ciências da natureza em todo país. Segundo ele, o resultado positivo obtido hoje é fruto dos investimentos já feitos na educação, que permitiram a adequação dos espaços físicos, e um corpo docente e técnico bem formado e comprometido com a carreira.

Lucio enfatiza a preocupação com o período de incertezas na área de educação, ciência e tecnologia que o país esta vivendo. “A diminuição de recursos destinados a equipamentos, bibliotecas, laboratórios e bolsa de pesquisa passa a ter impacto no salário do professor e até na motivação da carreira docente.”

Os IFS trabalham na formação integral, que faz com que cada aluno se torne um cidadão melhor e um profissional de qualidade, comprometido com a sociedade, explica o vice-presidente da ADUFRGS. “O ensino público e gratuito é um direito social e humano, por isso é muito sério o anúncio de cortes na educação. É necessário mobilização social e pressão sobre os deputados e senadores, para que essa situação seja revertida”, finaliza.

ESTRUTURA

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) é uma instituição federal de ensino público e gratuito. Atua com uma estrutura multicampi, para promover a educação profissional e tecnológica de excelência e impulsionar o desenvolvimento sustentável das regiões.

Possui 17 campi: Bento Gonçalves, Canoas, Caxias do Sul, Erechim, Farroupilha, Feliz, Ibirubá, Osório, Porto Alegre, Restinga (Porto Alegre), Rio Grande e Sertão e, em processo de implantação: Alvorada, Rolante, Vacaria, Veranópolis e Viamão. A Reitoria é sediada em Bento Gonçalves.

Atualmente, o IFRS conta com cerca de 20 mil alunos, em mais de 200 opções de cursos técnicos e superiores de diferentes modalidades, além do Proeja. Oferece também cursos de pós-graduação. Tem aproximadamente 1.144 professores e 986 técnicos-administrativos.