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Quarta-feira, 24 de abril de 2019

Sindicato defende mobilização social para preservar a pesquisa no Brasil

A ADUFRGS-Sindical lançou nesta quarta-feira, 24, o manifesto Para onde caminhamos: O desmonte do sistema de CT&I é aposta na entrega do País no qual defende a ciência brasileira como propulsora do desenvolvimento.

"Nenhuma nação se desenvolve sem ciência e tecnologia, e a ciência brasileira é desenvolvida dentro das universidades públicas", declarou o presidente do sindicato, Paulo Machado Mos, no lançamento realizado no campus do Vale da UFRGS durante atividade de coleta de assinaturas contra a Reforma da Previdência. "Este governo não conhece as universidades quando diz que não há pesquisa no Brasil. Eles querem nosso país subserviente a outras nações. Não podemos aceitar".

Baixe o PDF do manifesto

O documento conclama a sociedade à mobilização contra a política do governo federal de destruição da ciência brasileira. E afirma que o desmonte da Ciência promovido pelo governo federal "faz parte de uma política deliberada de desmonte do serviço público brasileiro e de sua privatização, abrindo ao mercado financeiro especulativo a chance de aumentar cada vez mais seus lucros e, a setores internacionais, a oportunidade de se apropriar das riquezas nacionais estratégicas, tornando a vida dos brasileiros, sobretudo os mais pobres, cada vez mais difícil".

Leia a íntegra do manifesto 

"Para onde caminhamos – O desmonte do sistema de CT&I é aposta na entrega do País

Manifesto da ADUFRGS-Sindical contra a política do Governo Federal de destruição da Ciência brasileira

Nos últimos anos e, principalmente, nos últimos meses a Ciência brasileira tem sofrido muitos ataques. Já no governo anterior, a fusão do Ministério da Ciência e Tecnologia com o das Comunicações, o fim do programa Ciência Sem Fronteiras e os cortes orçamentários promovidos após a edição da Emenda Constitucional 95, além do confisco dos recursos próprios das Universidades, já foram gravíssimos ataques ao futuro soberano do Brasil. Isso só está piorando, a olhos vistos, no governo Bolsonaro. Estamos lendo e ouvindo que órgãos de fomento como CAPES e CNPq estão com dinheiro contado até setembro deste ano. Bolsas serão cortadas deixando cerca de 80.000 pessoas atingidas, incluindo alunos de iniciação científica, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e professores que fazem pesquisa no País. Na LDO de 2020 não há previsão de reajuste salarial e nem de realização de concursos públicos, o que poderá esvaziar nossas instituições públicas federais, que são responsáveis pela grande maioria da pesquisa que é feita no Brasil, tanto pesquisa básica quanto de interação com o setor produtivo. Soma-se a isso a enxurrada de aposentadorias que se vislumbra, com a tentativa do governo de reformar a Previdência. Sem professores e pesquisadores não se faz Ciência, e esse desmonte do sistema é uma política deliberada de setores políticos que defendem a privatização dos serviços públicos e a subserviência a outros países.

A Ciência salva vidas. Todos precisam se mobilizar. A população precisa tomar conhecimento do desmonte e ajudar para que a Ciência não morra. Muitos projetos serão interrompidos. Desenvolvimento de vacinas, estudos moleculares de doenças raras e medicamentos, apenas como exemplos, sofrerão prejuízos incalculáveis e deixarão milhares de pacientes sem esperanças para continuar suas vidas.

A autonomia nacional depende da Ciência e da pesquisa. A Petrobras se tornou referência mundial na prospecção de petróleo em águas profundas e a descoberta da camada pré-sal é prova do que significa a sinergia entre a empresa e as Universidades Públicas brasileiras, que desenvolveram essa tecnologia. O que se vê agora? O governo, ao invés de apostar no desenvolvimento da autossuficiência em petróleo, aposta em não produzir, tornar ociosas nossas refinarias e em importar cada vez mais derivados de petróleo, principalmente dos Estados Unidos, com sua política entreguista de preços internacionais, que só torna a vida dos brasileiros cada vez mais cara. Foi a Embrapa e suas parcerias com as Universidades e Institutos Federais que tornaram o Brasil referência mundial em eficiência na produção agrícola. Até na área militar e de defesa a aposta é antinacional; exemplos são a entrega da Embraer para a Boeing e da base de Alcântara para os americanos. O futuro do país está em jogo e, ao contrário de outros países, que investem maciçamente em novas tecnologias, ambientalmente sustentáveis, em novos materiais, em novas fontes de energia, em busca de uma nova maneira de produzir, com a preservação do meio ambiente e o combate ao aquecimento global, o Brasil abre mão de organizar a conferência mundial do clima, abre as portas para o desmatamento e a venda de terras para estrangeiros. Tudo isso tem a ver com Ciência e tudo isso vai parar com essa política suicida de cortes de verbas, de desvalorização dos pesquisadores e entrega da tecnologia nacional.

Muitas entidades ligadas à Ciência têm se manifestado e alertado para esse desmonte, caso da SBPC, que tem colocado em seu portal diversas matérias chamando a atenção para esse grave problema. O descaso com nosso sistema de CT&I compromete seriamente o futuro da Nação. A interrupção do investimento e da formação de cientistas nos desqualificará seriamente no cenário mundial. E podemos complementar que na área da saúde, por exemplo, a população brasileira irá sofrer com surtos de novas doenças e também com doenças antigas já erradicadas em nosso meio. Os hospitais universitários realizam gratuitamente mais de um milhão de consultas e procedimentos por ano, segundo o Ministério da Educação, todos feitos com ajuda de profissionais envolvidos em Universidades. As nossas Universidades são centros de pesquisa de altíssima qualidade mesmo com o escasso dinheiro que nos chega. Trabalhos de brasileiros são premiados a todo o momento.

Por isso todos devem se envolver nessa causa. A Saúde e a Educação são prioridades e todos têm que entender que o desmonte da Ciência faz parte de uma política deliberada de desmonte do serviço público brasileiro e de sua privatização, abrindo ao mercado financeiro especulativo a chance de aumentar cada vez mais seus lucros e, a setores internacionais, a oportunidade de se apropriar das riquezas nacionais estratégicas, tornando a vida dos brasileiros, sobretudo os mais pobres, cada vez mais difícil. Essa política deliberada de desmonte das Universidades, dos Institutos Federais e da Ciência brasileira, é um atentado contra o povo, e um grande retrocesso no que se estava observando nas últimas décadas, com a expansão do sistema federal de educação, com os avanços na Ciência brasileira e com a diminuição da pobreza. Todos temos que nos rebelar e lutar contra este estado de coisas.

Salvemos a Ciência Brasileira!!!

Porto Alegre, 24 de abril de 2019 – Dia Nacional de Mobilização da Educação"

Lançamento do manifesto em defesa da Ciência

Atividade foi realizada na quarta-feira, 24 de abril, no campus da Vale durante coleta de assinaturas contra a Reforma da Previdência.