Leia o artigo do diretor do IFRS sobre o corte de verbas para as instituições federais.
Muito se fala sobre o contingenciamento de recursos para Institutos Federais e Universidades. Quer saber exatamente como funciona? Conheça um Diretor Geral de Campus de Instituto. É ele que administra o recurso de custeio e investimento. Se não quiser visitá-lo, conheça os números.
O Campus Porto Alegre do IFRS tem aproximadamente 2.000 alunos e o orçamento aprovado pelo Congresso Nacional, para o ano de 2019, foi de R$ 3.366.781,00. Em 2014, o orçamento foi de R$4.143.531,00. Provavelmente houve deflação no país. Este valor é dividido em R$3.283,116,00 para custeio e R$83.665,00 para investimento. Valor de investimento irrisório para um campus que apresenta 13 cursos técnicos, 4 cursos superiores e 3 mestrados. Valor que não dá condições de modernizar laboratórios. Mas esqueçamos investimentos. Vamos apenas para o custeio; para os leigos, aquilo que não é uma “compra”.
Apenas com as contas de energia elétrica, água, segurança, seguro para os alunos, internet, serviço de impressão, manutenção de elevadores, correios, telefone, publicações oficiais e limpeza, o Campus Porto Alegre do IFRS gasta, aproximadamente R$2.300.000,00 por ano. Isso corresponde a 70% do orçamento de custeio. Conclusão: daria para economizar 30%. Não, dá!
Não basta economizar 30%. O governo fez um corte sobre todo o orçamento, que inclui a assistência estudantil. Mas apontou que a assistência não deve ser atingida. Na conta de quem cortou, o valor da assistência está incluída. Na conta do gestor, não pode mexer na assistência (graças a Deus!). Isso aumenta o corte necessário no custeio para 39%. Quer dizer que o Diretor Geral do Campus Porto Alegre já sabe que não poderá cumprir o decreto. Vai dever 9% ou vai fechar o campus antes de dezembro. Será improbo por isso?
Mas não para aí. O restante do recurso seria usado para manutenção de veículos, diárias e passagens – não tem viagem para a reitoria que fica em Bento Gonçalves; visitas técnicas dos alunos – não tem a atividade pedagógica que permite conhecer o mundo do trabalho; estagiários – não há como formar no trabalho; bolsas de pesquisa, extensão e ensino – não há como produzir ciência, manter cursinhos populares e ou ter monitores para as disciplinas; insumos para cursos – não há como dar aula de química, biotecnologia e panificação; intérpretes de libras – não há como atender aos alunos surdos. Como diriam os economistas, é um case.
O Diretor Geral do Campus Porto Alegre, que é apenas um professor em final de mandato, não sabe como a conta fecha. Quem sabe o Ministro da Educação, que é economista, sabe?