Notícia

Ampliar fonte

Terça-feira, 23 de julho de 2019

Conhecido no Brasil e no exterior, o professor Ricardo Galvão já foi presidente da SBF

SBF

A diretoria e o conselho da Sociedade Brasileira de Física (SBF) vêm a público se manifestar sobre o recente ataque do Presidente da República ao Diretor-Presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Professor Ricardo Galvão, a respeito dos dados de satélite obtidos pelo INPE, que mostram aumento de 68% no desmatamento da Amazônia em relação a julho/2018. O Presidente colocou em dúvida, de forma leviana, não apenas os dados científicos obtidos pelo INPE como também a idoneidade do seu Diretor-Presidente, Prof. Ricardo Galvão.

O INPE surgiu no início dos anos 1960, motivado pelas expectativas que se criaram em torno das primeiras conquistas espaciais. Em 1974, o INPE passou a utilizar as imagens do satélite LANDSAT para mapear o desmatamento na Amazônia. As atividades experimentais sempre foram um ponto forte do INPE e o Instituto trabalha em colaboração com a NASA e outras organizações nacionais e estrangeiras. A história de grandes iniciativas do INPE traduz a sua capacidade em dar respostas científicas às demandas da sociedade e dos desafios científicos e tecnológicos. O INPE tem hoje competência adquirida e reconhecida internacionalmente nas áreas de atividade de Ciências Espaciais e Atmosféricas, Ciências Ambientais e Meteorológicas, e Engenharia e Tecnologias Espaciais.

Ricardo Galvão, atual Diretor-Presidente do INPE desde 2016, é Professor Livre-docente do Instituto de Física da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências, ex-diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Física. (SBF). O Prof. Galvão é reconhecido tanto no Brasil como no exterior por sua qualificação acadêmico-científica bem como por sua competência e seriedade como gestor. Questionar sua postura ética é não apenas um ataque a todos os pesquisadores altamente qualificados no INPE mas também um ataque à ciência e tecnologia no Brasil. Somam-se a esta declaração irresponsável do presidente os recentes ataques às universidades públicas e os recentes cortes de recurso para educação, ciência e tecnologia no Brasil.

De fato, o desmatamento da Amazônia traz um grande prejuízo para a imagem do Brasil no exterior. No entanto este desgaste não será revertido com a omissão na divulgação de dados científicos, mas sim através de políticas de desenvolvimento sustentável para a região, que preservem a Amazônia para as futuras gerações de brasileiros. Atribuir este problema internacional à obtenção e divulgação das informações pelo INPE é como tentar curar a febre quebrando o termômetro.
A SBF assim conclama a sociedade brasileira a apoiar o INPE e o seu Diretor-presidente, e a se mobilizar para que o governo não manipule nem impeça a divulgação de dados de satélite sobre o desmatamento da Amazônia.  Exigimos respeito pela seriedade do trabalho do INPE, que é um patrimônio do país, e pela integridade dos cientistas que tanto contribuem para a nação, a exemplo do Professor Ricardo Galvão.

São Paulo, 21 de julho de 2019

 Conselho e Diretoria da Sociedade Brasileira de Física (SBF)