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Quinta-feira, 29 de julho de 2021

O encontro virtual teve enfoque nas reflexões sobre o trabalho docente e neoliberalismo a partir do legado do educador

Na noite de 27 de julho, a ADUFRGS-Sindical promoveu a segunda edição dos Webinários Comemorativos ao Centenário de Paulo Freire (1921-2021). O tema deste encontro “Trabalho Docente e Neoliberalismo: Reflexões a partir do legado de Paulo Freire” foi abordado pela professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Cheron Zanini Moretti. A mediação do debate contou com o professor Leandro Raizer, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FACED/UFRGS). O evento virtual foi transmitido ao vivo pelo canal “Centenário Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical” no YouTube, criado divulgar atividades celebrativas.

Os webinários são promovidos pelo GT Educação da ADUFRGS-Sindical coordenado pela professora Sônia Mara Ogiba, diretora de Comunicação do Sindicato. A primeira edição, realizada em junho, teve como tema “Do Medo à Ousadia: Diálogo enquanto estratégia de luta e resistência em tempo de pandemia” e está disponível no canal comemorativo no YouTube. Clique aqui para assistir.

  

Na abertura do webinário, o vice-presidente da ADUFRGS-Sindical e presidente em exercício, Darci Campani, valorizou o legado do educador Paulo Freire. “A grandiosidade do pensamento de Paulo Freire é emocionante! Temos a honra de viver no mesmo País que viveu Paulo Freire, esse brasileiro que é nosso patrono e grande educador reconhecido por todas as autoridades da área da educação. Minha vida profissional iniciou discutindo Paulo Freire na Faculdade de Agronomia da UFRGS, em 1975, com a leitura de um livro do educador específico para a área da agronomia chamado Comunicação e Extensão (1985)”, manifestou. “Paulo Freire tem que ser a nossa base de resistência cada vez que a democracia e a autonomia das universidades são atacadas.”

Sônia Mara Ogiba expressou sua satisfação em coordenar o GT Educação junto com outros colegas que, nesse momento, estão construindo as atividades do centenário de Paulo Freire no sindicato e poder compartilhar com associados/as e público em geral esse trabalho. “É uma grande satisfação estar aqui nesta noite fria, mas com a alma aquecida pelo tema e pela grandiosidade do pensamento de Paulo Freire, de sua vida e sua obra. O pensamento do educador nos orgulha e nos emociona”, refletiu. “Vivemos em um país que luta pela sua autonomia e para garantir a vida de todos os brasileiros e brasileiras diante da situação de opressão, exploração e genocídios que estamos atravessando neste momento”, afirmou.

A professora Sônia explicou que em cada mês desta série de webinários comemorativos, o GT Educação pensa em temas atuais para a luta sindical que podem ser explorados a partir e com o pensamento de Paulo Freire. “Nesta edição, nada mais oportuno do que trazer o tema do trabalho docente e contextualizá-lo a partir da conjuntura atual. Temos uma radicalidade do capital em termos desta grande narrativa de exploração e dominação sobre o planeta, que é o neoliberalismo. Então associar trabalho docente e neoliberalismo na luta sindical através do legado de Paulo Freire nos parece potente e emocionante”, enfatizou.

Para a professora e palestrante Cheron Zanini Moretti foi um grande desafio tratar sobre o legado de Paulo Freire para a relação entre trabalho e neoliberalismo. Ela comentou o momento histórico do Brasil e situou as obras do educador neste contexto. “Essa aposta neoliberal mais radical e depredatória que o capitalismo tem apresentado neste momento difícil não ocorre somente pela crise sanitária em escalas globais, mas por causa de outras crises econômicas, de representação política, crise de segurança alimentar, ambiental e climática”, considerou.

De acordo com a palestrante, essa convergência de crise ou crise civilizatória acelera as desigualdades e a relação de incerteza com o futuro. “Vivemos hoje o fim do processo progressista, do social liberalismo e das políticas reparadoras associadas à manutenção da ordem vigente”, mencionou. “Temos governos de ultradireita com políticas autoritárias, subimperialistas, xenofóbicas que geram opressão”, contextualizou.

Cheron falou sobre o contexto atual da pandemia com a negação de mais de 500 mil mortes de brasileiros/as por Covid-19 no Brasil e a negação da ciência por parte do governo federal. “Precisamos colocar a ciência em outro curso, como sujeito da transformação por uma classe”, considerou.

A palestrante comentou sobre os reflexos da globalização com as privatizações que pretendem dar um fim à classe trabalhadora. “Existe a possibilidade de construção de um homem novo para uma sociedade nova rumo à emancipação. Um mundo onde caibam outros mundos construindo um bem comum”, mencionou.

Cheron enfatizou ainda que o mundo de Paulo Freire é um mundo em transição baseado em uma educação democrática e emancipatória. “A educação emancipadora de Freire se fez na relação conflituosa entre humanização e desumanização. Obras do educador como Pedagogia do Oprimido (1968) contextualizam o tema deste webinário”, salientou. A professora mencionou ainda que o sociólogo Karl Marx é citado em mais de 70 obras de Freire.

O mediador da atividade Leandro Raizer citou a obra À Sombra desta Mangueira (Freire, 1995) como reflexão ao tema do webinário. “É um livro publicado há 26 anos que traz críticas à conjuntura política e econômica do País, mas que é recente para o debate da conjuntura atual”, destacou.

Veja alguns comentários no chat durante o Webinário:   

 

Sonia Mara Moreira Ogiba - ​Isto professora Cheron, essa articulação é fundamental hoje, grata por fazer esse destaque do trabalho como princípio educativo em Gramsci.

 

Fernanda Paulo - ​Baldô, querido é a nossa memória viva dos círculos de Cultura no RS. lembrei do nosso livro, Cheron. Freire no RS.

 

Sonia Mara Moreira Ogiba - ​Cheron foi emocionante Freire ter dito que após ler Frantz Fanon em os Condenados da Terra refez a escrita do seu Pedagogia do Oprimido!!

 

Diretoria - Vice Presidência ADUFRGS - ​Ser professor e não esperançar, é não entender o que é ser professor.

 

Liliane Prestes - ​O livro Professora sim, tia não! é uma ferramenta potente para a problematização da docência. Com certeza, uma ótima sugestão de leitura!

 

Simone Fogazzi - ​A depreciação da profissão docente, presente em muitos discursos, desmotiva os professores. Por outro lado, novos contextos impulsionam os docentes a reafirmarem sua paixão pela educação.

 

Márcia Santos – “Sim na Educação infantil as professoras ainda são consideradas tias. As famílias ao levar seus filhos para escola falam para crianças " vai com a tia...".

 

Graciela Quijano - ​Obrigada pela excelente “conversa”, vida longa para o pensamento freudiano, ele sempre e atual.

Assista a live aqui

Inscreva-se no canal “Centenário Paulo Freire na ADUFRGS-Sindical.

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