Notícia

Ampliar fonte

Quinta-feira, 23 de julho de 2020

Para professores da UFRGS, UFCSPA e IFRS que participaram do Conversas ADUFRGS, não é preciso temer a nova realidade das aulas não presenciais

As universidades públicas estão se preparando para retomar as aulas, seja pelo Ensino Remoto - ERE, seja na modalidade de Ensino a Distância- EAD. Para falar sobre como está essa preparação, nesta quarta-feira, 22 de julho, três especialistas no assunto, as professoras Alessandra Dahmer, pró-reitora de Planejamento da UFCSPA; e Daniele Raupp, do Departamento de Química Orgânica da UFRGS; e também o professor Marcelo Schmitt, coordenador do Mestrado Profissional em Informática na Educação do IFRS, participaram do “Conversas ADUFRGS”, mediado por Jairo Bolter, diretor de Relações Sindicais da ADUFRGS.

Após as exposições dos três professores, a conclusão conjunta foi de que cada instituição opta pelas ferramentas que melhor se adéquam  à sua estrutura e à realidade dos seus docentes e discentes.  

Expertise em EAD

Quando o prolongamento da suspensão das aulas por conta da pandemia de COVID-19 começou a ser levantado, a UFCSPA tratou de planejar os próximos passos, proporcionando formação aos professores por meio de Webinários, criação de um grupo de trabalho dos Núcleos de Inovação e Tecnologias Educacionais (NITED) e de Educação a Distância (NEAD), criação de um comitê de diretrizes para EAD e do Site “Tamo Junto”, que reúne vídeos e textos sobre o assunto.

Com todas essas frentes abertas, a UFCSPA definiu, em uma sessão conjunta do Conselho Universitário e do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, no dia 2 de julho , que optaria por um plano ao qual chama de EAD Emergencial. Segundo a professora e pró-reitora de Planejamento da Instituição, Alessandra Dahmer, “ o EAD emergencial é a forma com a qual a gente vai conseguir trabalhar no tempo que a gente tem e durante a situação de pandemia”.

Ou seja, a Universidade, que já tinha o EAD dentro do seu planejamento estratégico e dos seus projetos pedagógicos, inclusive com oferta de disciplinas ministradas pela modalidade, decidiu que este era o momento de aplicar toda essa expertise para minimizar as dificuldades impostas pelo isolamento social. 

De acordo com Alessandra, a Universidade já usa a plataforma Moodle há algum tempo. Os professores, portanto, estão apenas “adaptando seus planos para a modalidade EAD”, conforme a pró-reitora. A única exigência é que todo o conteúdo seja disponibilizado no Moodle, mas os professores podem usar outras ferramentas, como o Meet, para interagir com os estudantes em aulas síncronas, ou seja, com todos ao mesmo tempo. Os links dos encontros, porém, devem ser disponibilizados também no Moodle.

Quanto ao apoio aos estudantes para garantir o acesso às aulas, a UFCSPA está realizando uma campanha de arrecadação de computadores para os alunos que não tem equipamentos e recomendando que os professores desenvolvam atividades assíncronas para que os estudantes não precisem estar todos conectados ao mesmo tempo. “Isso flexibiliza as aulas para aqueles que dividem o computador com os pais ou os irmãos, por exemplo”, frisou.

Veja a apresentação da professora Alessandra Dahmer

Visão otimista

Schmitt tranquilizou os professores sobre a necessidade de trabalhar com softwares e linguagens com as quais não estão familiarizados. Para ele, o professor deve deixar de ver o computador como um inimigo e passar a vê-lo como ferramenta pedagógica. “Assim como nós fazemos boas aulas presenciais, podemos fazer boas aulas a distância. Esse desespero tem que se desfazer, estamos fazendo todo o esforço para atender os alunos e isso vai dar resultado”, ressaltou.

O professor do IFRS explicou o que é um ambiente de aprendizagem e como ele funciona. O IFRS, bem como a UFRGS e a UFCSPA, usam a plataforma Moodle. De acordo com Schmitt, trata-se de um ambiente virtual de aprendizagem que serve para registro das atividades, comunicação entre professor e aluno, alertar o aluno sobre o trabalho e receber a resposta dele, dentre outras funcionalidades.

Para que seja melhor aproveitado, no entanto, o ambiente de aprendizagem deve ser bem organizado. “É preciso que o professor mostre de forma clara a sequência pedagógica que o aluno deve seguir. O estudante precisa ter a segurança do que ele está aprendendo e do que vai ser abordado. Deve ser uma espécie de contrato entre professor e aluno”, apontou Schmitt.

Segundo ele “pior do que a não existência da ferramenta é tê-la disponível e não usá-la”. E finalizou, dizendo que a instituição deve capacitar os professores para a nova realidade de aulas remotas ou a distância, mas eles próprios também precisam buscar a capacitação. “Tenho uma visão otimista. Nós temos toda a competência e podemos usar nosso tempo para nos capacitarmos”.

Senso de pertencimento

A UFRGS vai optar pelo Ensino Remoto Emergencial e proporcionar aulas híbridas, síncronas e assíncronas, de acordo com a professora Daniele Raupp, que já ministra aulas remotas com seus alunos, desde o início da pandemia. 

“As aulas foram suspensas, começamos a ter uma enxurrada de informações e a fazer movimentos para realização de Webinários e cursos à distância, para poder instrumentalizar os professores neste momento. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar 20% de forma remota, a primeira coisa que fiz foi me reunir com os alunos, esclarecer dúvidas e perguntar se estavam dispostos a encarar essa jornada. Foi uma conversa muito rica”, relatou Daniele.

A professora da UFRGS ressaltou que os professores devem dialogar com seus alunos para chegarem, juntos, à melhor forma de realizar as aulas não presenciais. “Neste momento é muito importante dialogarmos com os alunos para pensarmos coisas que nos tragam soluções e não mais problemas. Alunos são parceiros no processo e dão feedbacks constantes sobre modalidades, acompanhamento das aulas etc.”

Segundo ela, “não é possível comparar a qualidade de uma aula presencial ao ensino remoto emergencial, porque são modalidades completamente distintas”, mas é preciso pensar que, mesmo em um modelo temporário, a qualidade não precisa cair. “A gente vai se habituando às ferramentas e os alunos enxergam que estamos fazendo nosso melhor esforço para entregar uma aula remota de qualidade”, ponderou.

Para Daniele, é fundamental, também, que os professores façam aulas síncronas ou gravem videoaulas, mesmo que de forma caseira e sem muitos recursos, para que possam ser vistos pelos alunos. “O vínculo que temos com as aulas presenciais é fundamental sempre, mas se torna mais importante neste momento para gerar no estudante um senso de pertencimento”, disse, enfatizando que esse senso de pertencimento “é um dos principais fatores que incide sobre a permanência ou evasão dos alunos”. 

Ao encerrar a transmissão da Live, o diretor da ADUFRGS e mediador da conversa, Jairo Bolter, destacou que, independentemente da modalidade a ser escolhida pelas diferentes instituições, o momento exige um esforço para que todos se adaptem à nova realidade. “Ensino remoto e EAD estão presentes no momento, precisamos nos adaptar sem deixar ninguém para trás. É um novo momento e precisamos juntos nos organizar para passar por ele. As aulas presenciais voltarão, voltaremos às praticas, mas hoje, isso é tudo o que temos”, concluiu. 

Veja a apresentação da professora Daniele.

Participação da audiência

O “Conversas ADUFRGS” é um dos projeto da ADUFRGS-Sindical que traz, todas as quartas-feiras, bate-papos sobre os temas que mais preocupam os docentes e permeiam as instituições de educação superior durante a pandemia de coronavírus. 

As lives são transmitidas no YouTube e, agora, também pelo Facebook da ADUFRGS. Até o fechamento desta matéria, a live Conversas ADUFRGS sobre “Ferramentas e Materiais Didático-Pedagógicos” havia sido assistida por mais de 860 pessoas nos dois meios. 

Veja alguns comentários da audiência:

Parabéns! Estamos precisando de um trabalho destes na UFRGS.
Regina Witt

Muito interessante. Parabéns pela iniciativa.
Odoaldo Ivo Rochefort Neto

Parabéns pelo trabalho e apoio aos professores 
Martine Hagen

Obrigada pelas orientações e sugestões e por compartilharem as experiências.
Márcia Elisa Boscato Gomes

Muito bacana essa conversa. Extremamente fundamental nesse momento pra solucionar alguns problemas das aulas remotas. Obrigado ADUFRGS.
Alex Ramirez

Assista à live no YouTube


 

Matérias relacionadas sobre: Conversas ADUFRGS