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Sexta-feira, 16 de julho de 2021

O acolhimento ao enlutado ajuda na superação das perdas neste momento de pandemia em que muitas famílias perderam seus entes queridos sem rituais de despedida

O Encontro com aposentados da ADUFRGS-Sindical transmitido ao vivo no YouTube e Facebook do sindicato, na última quinta-feira, 15, trouxe um tema pertinente ao momento pandêmico de Covid-19, “Olhando de frente a questão da morte e do luto”. A live contou com a palestra da psicóloga Tania Maria Borges e a mediação do professor aposentado do Instituto de Psicologia da UFRGS, Paulo Kroeff. O evento virtual é promovido em parceria com o Núcleo Multiatividades, que é coordenado pelo professor Otto Koller.

O vice-presidente da ADUFRGS-Sindical, Darci Campani, presidente em exercício, abriu a live enfatizando a importância do encontro com aposentados que acontece de forma quinzenal trazendo temas em destaque na atualidade. “A forma de lidar com a morte também é cultural. No México, por exemplo, o Dia dos Mortos, em 5 de novembro, é lembrado com celebrações alegres”, comentou. “A morte é apenas uma passagem”, considerou.

A diretora de Comunicação da ADUFRGS-Sindical, professora Sônia Mara Ogiba também acompanhou a Live dos aposentados.

A palestrante Tania Borges explicou que o luto é um processo de elaboração do rompimento de um vínculo significativo importante para o enlutado. “Temos uma existência limitada e não sabemos o nosso tempo de vida. A morte nos ajuda a romantizar e transformar a vida”, salientou.

Segundo a psicóloga, cada pessoa tem uma forma diferente de vivenciar o luto e isso influencia no fator emocional, físico ou comportamental. “São comuns os sentimentos de choque, negação, tristeza, sensação de abandono, raiva, irritação ou culpa. O luto gera ainda sensações físicas como tensão muscular, nó na garganta, falta de ar, entre outros sintomas”, exemplificou.

Em caso de luto antecipatório, quando existe um diagnóstico de doença incurável, Tania explicou que a sensação de alívio pode ser um tipo de comportamento do enlutado. “Um exemplo do sentimento de raiva ou culpa é a morte por suicídio”, mencionou.

A psicóloga alerta que o luto não é uma doença, mas pode baixar a imunidade, por isso é fundamental o autocuidado. “Em situações de lutos complicados, que tem acontecido na pandemia com a morte repentina de muitas pessoas sem despedidas, o enlutado pode desenvolver depressão, síndrome do pânico, alcoolismo, uso de drogas, adoecimento e até cometer suicídio”, observou.

O momento de pandemia interferiu no comportamento das pessoas diante de situações de doença e morte. “A falta de comunicação, o distanciamento, as mortes inesperadas, a impossibilidade de ver o corpo morto e a ausência de rituais de despedida trouxe uma sensação de irrealidade da perda”, considerou.

Como forma de superação do luto, Tania recomenda alguns fatores de proteção. “Viva a sua dor, o seu luto, não tenha pressa e viva um dia de cada vez”, aconselhou. “O acompanhamento do enlutado precisa do acolhimento de alguém que valide sua dor”, orientou. “Podemos adoecer e nos sepultarmos com quem partiu, ou podemos optar pela vida. É uma oportunidade de transformação, criamos uma força que não sabíamos que tínhamos”, referiu.

Para o mediador Paulo Kroeff “a dor do enlutado fica menor quando compartilhada com amigos que estejam dispostos a ouvir e acolher esse processo de luto”. O professor é autor do livro Logoterapia e Existência – A importância do sentido da vida.

Saiba mais sobre a palestrante e o mediador

Tania Maria Borges atua na área de psicologia clínica como psicoterapeuta, ministra palestras e concede entrevistas, principalmente na sua área de especialização sobre Perdas e Luto. Possui formação em Logoterapia e Análise Existencial pela Sobral e Especialização em Logoterapia, pela ALVEF. É Especialista em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto pelo 4 Estações Instituto de Psicologia. Tem especialização em Psicossomática.

Paulo Kroeff é psicólogo e professor aposentado do Instituto de Psicologia da UFRGS.

Veja alguns comentários durante a live:

Sônia Mara Ogiba - ​Parabéns Psicóloga Tania Borges pela sistematização sobre esse tema, sempre tão importante em nossas vidas!! Antecipadamente agradecemos sua participação em nossa Live - Diretoria ADUFRGS-Sindical.

Otto Carlos Koller - ​Parabéns à Tânia, pela excelente abordagem dessa questão da morte e do luto.

Anna Cristina Pegoraro de Freitas - ​Boa tarde prof. Paulo e Tânia queridos! Parabéns pela rica proposta de trabalhar este tema tão pertinente atualmente! Abraços!

Dilma dos Santos Barbosa - ​Muito interessante. Como seria bom muitas famílias enlutadas ter acesso a uma reflexão tão necessária dessa. Sobretudo, aos enlutados da pandemia.

​​​Patricia Marra - Acolher - acho que é a palavra do momento e para os próximos dias que virão... Gratidão pela live!

Geisa Costa - ​Gratidão a Tânia, mais uma vez suas palavras e ensinamento me ajudaram muito.

Juçara Benvenuti - ​O processo de preparação para a morte de um ente querido pode variar de uma pessoa para outra. Mas esta pandemia não nos dá muita opção.

Assista a live em nossos canais YouTube e Facebook.

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