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Quarta-feira, 26 de abril de 2017

EducaMed é o nome do projeto que proporciona a estudantes carentes educação gratuita preparatória para o vestibular.

Sob a coordenação dos professores Odalci José Pustai e Dário Frederico Pasche, alunos da UFRGS e da UFSCSPA participam de uma iniciativa que já foi premiada pela Universidade na categoria de Extensão e Ensino. EducaMed é o nome do projeto que proporciona a estudantes carentes educação gratuita preparatória para o vestibular. Este ano, sem patrocínio para a confecção do material didático, os organizadores lançaram uma campanha de arrecadação pela internet, destinada à impressão de apostilas, simulados e outros materiais utilizados nas aulas. O cronograma do projeto foi montado com cinco apostilas, sendo as três primeiras referentes ao conteúdo de todo o Ensino Médio e as duas últimas de revisão do ENEM e do vestibular da UFRGS.
Tatiane dos Santos, professora de biologia do EducaMed e integrante do Recursos Humanos do projeto, explica que os materiais são elaborados pelos professores e “não é cobrada nenhuma taxa de inscrição, matrícula ou qualquer outro valor para a produção gráfica destes materiais. Em 2016, recebemos ajuda da UFRGS e de alguns patrocinadores. Este ano não tivemos a mesma sorte e, para conseguir produzir o material e distribuí-lo gratuitamente, estamos fazendo uma vaquinha online”. O objetivo é arrecadar R$10.000,00, para assegurar material didático aos 50 alunos do cursinho.
Odalci explica que “o projeto tem muito reconhecimento pelo seu aspecto social, mas também pelo seu prestígio acadêmico. No último Salão da UFRGS, o EducaMed foi premiado na categoria de Extensão e Ensino e, agora, está sendo objeto de pesquisa acadêmica, além de ter sido escolhido, pela Universidade, como projeto destaque a ser apresentado em congresso de extensão”.
 “Todo o protagonismo é dos alunos e nisso reside, em grande parte, o mérito do projeto. Fora, é claro, o Educamed atender os 'improváveis', os que estão destinados a serem excluídos da sociedade. São iniciativas como esta que podem mudar o destino dessas pessoas”, afirma o professor Odalci.
Para Odalci, uma característica definidora da educação popular “é ela ser, exatamente, essa busca de alternativas, a partir de lugares e espaços de aprendizado distintos, que têm em comum a existência de necessidades, que levam a querer mudanças na sociedade. É uma prática de ensino realizada num espaço de possibilidades”. 
As aulas são ministradas por acadêmicos no turno da noite, das 18h30 às 22h30min, nas dependências do Anexo da Escola de Enfermagem da UFRGS (avenida Princesa Isabel, 615, Bairro Santana), de segunda a sábado. Além das aulas regulares, o EducaMed possui um horário adicional, das 17h30 às 18h30, para monitorias e plantões para tirar dúvidas. Outras atividades, como aulas de aprofundamento e simulados, são realizadas nos finais de semana.

Para saber mais:

cursinhoeducamed@gmail.com

www.facebook.com/cursinhoEducaMed/

Para doar:
https://www.vakinha.com.br/vaquinha/apostilas-para-o-curso-pre-vestibular-educamed-2017

Educamed realiza o sonho de entrar para a UFRGS

Juli Camargo tem 18 anos e foi aprovada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul para o curso de Nutrição quando havia completado 8 meses de cursinho no Educamed. Ela sempre sonhou com uma vaga na faculdade. Porém, estudou a vida toda em escola pública na cidade de Marau, interior do RS, e sabia que não teria muitas chances de ingressar em uma universidade pública sem frequentar um cursinho pré-vestibular. 
Em janeiro e fevereiro de 2016, ela e sua mãe foram em busca de vários cursinhos nas cidades próximas a Marau, mas todos custavam muito caro. Ficou sabendo do Educamed pelo cunhado, que leu a respeito do projeto na internet. Logo, fez sua inscrição, mas não passou na primeira, segunda e terceira chamadas. Então, matriculou-se em um cursinho particular, mesmo sabendo das dificuldades financeiras que iria enfrentar, pois não queria desistir. 
“Uma semana depois, finalmente, fui chamada da lista de suplentes. Fiquei muito feliz e acabei me mudando para Porto Alegre, passando a morar com os meus tios”, conta Juli. Conversando com familiares, ficou decidido que ela se dedicaria totalmente aos estudos. 
“A minha rotina sempre foi muito puxada. Eu me cobrava demais, pois sabia que não teria outra chance de me dedicar somente aos estudos. Acordava cedo e dormia tarde. O café era o meu aliado. Sempre gostei muito de escrever, mas nunca me dei bem com o tempo na hora da prova. Para melhorar, passei a ter um dia da semana exclusivo para praticar redação e isso, com certeza, me ajudou muito”, relata. 
No meio do ano, cogitou desistir e voltar para Marau, pois se sentia insegura e achava que não sabia todo o conteúdo para fazer a prova. “Sempre fui uma guria nervosa, mas parece que tudo triplicou no cursinho. A pressão psicológica quase me enlouqueceu”, desabafa.
Porém, sua família sempre a incentivou muito e jamais permitiu que desistisse. Além disso, Juli ouviu histórias de vida dos seus professores e soube que a maioria deles precisou estudar demais e, também, enfrentou grandes obstáculos. Ver a superação de cada um era uma motivação para ela.
Sobreviveu aos quatro dias de provas, mas o mais difícil foi controlar a agonia enquanto esperava a divulgação da lista dos aprovados. “Quando, finalmente, saiu o resultado e eu vi meu nome, pirei! A sensação é indescritível. Não tem nada no mundo com que eu possa comparar esse sentimento de dever cumprido. Foi a realização de um sonho tanto para mim quanto para minha família, que sempre me apoiou muito.” 
Juli considera que o EducaMed foi essencial para o seu ingresso na UFRGS. “Realmente, não é fácil fazer um ano de cursinho. É necessário abrir mão de muita coisa, mas, no final, a compensação é incrível. Foi no cursinho que fiz amigos que vou levar para a vida toda, vi um exemplo maravilhoso de amor e dedicação por parte dos meus professores, que fizeram com que eu visse o mundo de uma maneira diferente. Só tenho a dizer que meu sentimento de gratidão pelo projeto é imenso, pretendo participar como professora ou monitora, para que eu também possa ajudar outros jovens a realizar seus sonhos.”

Como participar

A seleção é feita por meio de editais anuais e as inscrições (online) são totalmente gratuitas.
Qualquer candidato com renda mensal de até 1,5 salário mínimo por integrante do núcleo familiar pode se inscrever.  

O cursinho é composto por mais de 60 voluntários, entre monitores, professores e coordenadores. 
Todos os voluntários têm vínculo de graduação ou pós-graduação com alguma universidade superior (UFRGS, UFCSPA, PUCRS e ULBRA), em diversas áreas de atuação. 

 

Por Daiani Cerezer