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Quinta-feira, 06 de junho de 2019

Entenda por que é preciso ir às ruas

Texto e foto: Manoela Frade

A greve geral marcada para 14 de junho promete parar o país contra os retrocessos sinalizados pelo governo Bolsonaro. A convocação nacional das centrais sindicais tem a reforma da Previdência como alvo e ganhou fôlego ainda maior com o sucesso dos protestos em defesa da Educação realizados em 15 e 30 de maio.

A bandeira da Educação unificou a luta dos movimentos sociais, opina o vice-presidente da ADUFRGS, Lúcio Vieira. “Parece inacreditável, mas, pela primeira vez, temos um governo contra a Educação. O recado das ruas foi imediato e bem claro: não vamos aceitar essa perseguição. O dia 14 de junho vai ser ainda maior em defesa da Educação, contra a reforma da Previdência e contra o desmonte das políticas sociais. Temos que ir às ruas. A defesa da democracia exige luta”, defendeu. 

A diretoria da ADUFRGS é a favor da adesão dos docentes federais à greve. A última Assembleia Geral aprovou o indicativo por unanimidade. Pelo estatuto do sindicato, a decisão passa por consulta eletrônica, aberta no site institucional (adufrgs.org.br) desde às 9h de 30 de maio até às 18h, do dia 7 de junho. Para validar o resultado, pelo menos 20% dos filiados ativos devem votar. Professores não filiados previamente cadastrados na ADUFRGS também podem ajudar a decidir.

“A consulta, mais do que do que um instrumento estatutário, é uma ferramenta que amplia a possibilidade de participação dos nossos associados. Esta consulta, em especial, é de importância histórica, por isso, convido todos os colegas a participarem desta decisão. É o momento de mostrar a força da Educação”, destacou Lúcio.

Em defesa da Educação

O recado das ruas em maio foi claramente contra as decisões do governo que, na opinião de Lúcio, “escolheu a educação como o inimigo”. Passados quase seis meses, Bolsonaro não apresentou nenhuma proposta concreta para a Educação, “além de cortes orçamentários, censura à livre manifestação e dois ministros que são, claramente, contrários à Educação”, adverte Lúcio. 

Especialistas e gestores já alertaram para a inviabilização das universidades e institutos federais, caso os cortes de 30% anunciados pelo governo sejam mantidos. A questão é que a perseguição ideológica a professores e à educação esconde, também, a verdadeira intenção deste governo: abrir ainda mais o setor para o mercado financeiro, que só pensa no lucro e não na qualidade do ensino e das condições de trabalho dos profissionais deste setor. O mesmo modus operandi se aplica à Seguridade Social. 

Reforma da Previdência

A proposta de reforma da Previdência do governo Bolsonaro praticamente repassa o orçamento da Seguridade Social para o mercado privado. 

A Proposta de Emenda Constitucional 6/2019 pretende retirar a Previdência da Constituição e abrir caminho para a criação de um sistema de capitalização similar ao praticado no Chile, em que os trabalhadores serão obrigados a fazer uma espécie de poupança. Com isso, acaba o sistema solidário de Previdência e cada um deverá se responsabilizar pela própria aposentadoria, sem contrapartida do governo ou da iniciativa privada. 

A criação de um sistema de capitalização individual é o principal motivo pelo qual o governo federal enviou a proposta ao Congresso. Esse tipo de sistema é entregue a bancos e a fundos de pensão internacionais. O modelo adotado no Chile levou milhões de pessoas à miséria. 
 

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