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Terça-feira, 25 de setembro de 2018

Rodrigo Núñez expõe obras da série “Para ganhar tempo: um inventário como estratégia para uma narrativa simultânea”

Por: Daiani Cerezer

O Centro Cultural da UFRGS, inaugurado no mês passado, recebe sua primeira exposição de artes, resultado da pesquisa de doutorado de Rodrigo Núñez, professor do Instituto de Artes. Intitulada “Para ganhar tempo: um inventário como estratégia para uma narrativa simultânea”, a mostra reúne, aproximadamente, 170 trabalhos em técnicas variadas, como desenho, pintura e colagem sobre papel tingido com pigmentos naturais, apresentando um inventário de imagens composto por cinco séries de trabalhos: Coisas que amortecem uma queda, Coisas que dão equilíbrio, Coisas que desequilibram, Meus pequenos fantasmas e Coisas para pensar durante a travessia. Confira a entrevista:

Adverso - Como nasceu a ideia da exposição?

Rodrigo Núñez - A exposição surgiu no início da minha pesquisa de doutorado em poéticas visuais, quando comecei a contar a história de um equilibrista como fábula do processo de criação do artista. Então, esse “inventário” do título corresponde às dúvidas e aos questionamentos do equilibrista, na medida em que começa o processo criativo.

 

Adverso - O que o visitante pode esperar da exposição e quais linguagens artísticas estão representadas?

Núñez - Na minha exposição, o visitante é parte fundamental, porque o artista não tem, obrigatoriamente, a necessidade de comunicação. Em muitos casos, o artista faz seu trabalho por uma necessidade pessoal de se expressar. No meu caso, como trabalho com a narrativa como processo de criação e a narração num espaço positivo, eu conto muito com o preenchimento dessa narração por parte do visitante. Ou seja, o visitante vai se reconhecer nessa história que eu estou contando e vai poder, também, contribuir para essa narrativa, trazendo um pouco do seu conhecimento. Então, quando começo a narrar, eu penso, também, na pessoa que está vendo essa história. Para mim, ela é parte fundamental da construção desse espaço que eu estou querendo mostrar. O visitante, de certa forma, no imenso baralho de cartas misturadas dessa narrativa simultânea, vai traçar o seu percurso, traçar o seu caminho, o seu olhar, a partir da leitura daquelas imagens. Ele é quem vai escolher qual é o nexo que constrói aquelas imagens.

 

Adverso - Qual é a importância dessa exposição?

Núñez - A importância dessa exposição vem desse encontro do artista com o público que está vendo o trabalho dele e que, também, está se completando a partir desse trabalho. O objetivo é, um pouco, restaurar essa necessidade de ligação do artista com o trabalho e do trabalho com o público. A preocupação com certa comunicabilidade que o trabalho pode ter na arte e a restauração desse processo de comunicação com o seu público.

A arte contemporânea passou a existir por conta própria e esse individualismo, essa expressão muito particular do artista se valeu por si. A importância dessa exposição é o quanto o público pode contribuir para a formação da obra, o quanto eu os faço reconhecer um pouco do seu universo imagético, das suas imagens no seu cotidiano, no trabalho e o quanto essa comunicação pode ser restaurada em termos de arte contemporânea. A importância está em aproximar o público do espaço expositivo onde a arte se viu muito autônoma. Não significa que vai ter uma interatividade, mas sim fazer com que o público consiga reconhecer esse trabalho, essas imagens, e poder entrar um pouco dentro dessa história também.

O processo de narração dentro das artes visuais, nos últimos anos, vem sendo abandonado, deixado de lado, e eu tento restaurar um pouco esse processo da narração, através da necessidade que eu tenho de contar uma história, de narrar alguma coisa para alguém. Então, essa narração que eu construo, nesse trabalho específico, é fundamental, porque ele pensa nesse público que vai ver o trabalho na potencialidade dessas imagens. É por isso que essa exposição tem certa importância, além de ser o primeiro evento de artes visuais dentro do novo Centro Cultural da UFRGS. Isso eu acho fundamental, também, porque dá importância e resgata um pouco o lugar que as artes visuais têm que ocupar na universidade. Esse lugar de destaque, de predominância, onde as artes visuais podem ser mostradas. Esse interesse que a universidade pode voltar à produção contemporânea, não só um acervo, um resgate histórico, mas também à produção de um professor de artes atuante, que está em pleno processo de pesquisa. E o reconhecimento de que essa pesquisa é importante para a universidade, e deve ser mostrada para a universidade.

Serviço:

Exposição “Para ganhar tempo: um inventário como estratégia para uma narrativa simultânea”

Data: 17 de setembro a 20 de dezembro

Local: R. Eng. Luiz Englert, 333 - Farroupilha, Porto Alegre - RS

 

Confira algumas de suas obras:

             

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